Pesquisa brasileira detecta plástico em placentas e cordões umbilicais

Pesquisa brasileira detecta plástico em placentas e cordões umbilicais

Foto: Charles Guerra (arquivo/Diário)

Uma pesquisa realizada em Maceió (AL) encontrou microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês nascidos na capital alagoana. Esse é o primeiro estudo do tipo realizado na América Latina e o segundo no mundo que conseguiu comprovar a presença dessas partículas em cordões. Os resultados foram publicados na sexta-feira (25), em uma revista da Academia Brasileira de Ciências.

A placenta é um grande filtro.Quando os primeiros estudos encontraram os microplásticos na placenta, achamos que ela estivesse agindo como uma barreira, só que entre as participantes do nosso estudo, 8 em 10 tinham mais partículas no cordão umbilical do que na placenta. Eles passam em uma quantidade grande e estão indo para os bebês antes mesmo de nascerem. Esse é um retrato do fim da gestação – comenta Alexandre Borbely, líder do grupo de pesquisa em Saúde da Mulher e da Gestação na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e um dos autores do estudo.

+ Entre no canal do Diário no WhatsApp e confira as principais notícias do dia

A equipe analisou amostras de 10 gestantes do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e do Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira, em Maceió. Elas foram submetidas à técnica de espectroscopia Micro-Raman, que é capaz de identificar a composição química de moléculas com grande precisão. 

As amostras de placenta apresentaram 110 partículas de microplásticos. Já nos cordões umbilicais, foram encontradas 119 partículas.Os materiais mais presentes foram o polietileno, usado na fabricação de embalagens descartáveis, e a poliamida, que faz parte da composição de tecidos sintéticos.

Borbely investiga a contaminação por microplásticos durante a gestação desde 2021. Em 2023, um estudo conjunto com pesquisadores da Universidade do Hawaí, em Manoa, já havia comprovado a presença das partículas em amostras de placentas de mulheres havaianas. A pesquisa também mostrou que essa contaminação aumentou ao longo do tempo, já que os microplásticos foram encontrados em 60% das amostras colhidas em 2006, 90% em 2013 e 100% em 2021. 

A parceria foi mantida para a investigação em Maceió, que também recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Apesar de todas as amostras brasileiras estarem contaminadas, elas apresentaram menos aditivos químicos associados aos polímeros plásticos do que as amostras norte-americanas.

A próxima etapa envolverá a coleta de amostras de 100 gestantes e a busca pela correlações entre a contaminação por microplásticos e complicações durante a gestação ou problemas de saúde identificados logo após o nascimento dos bebês. Para isso, está implementando o Centro de Excelência em Pesquisa de Microplástico, com verbas da Financiadora de Estudos e Projetos - Finep, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A expectativa é que esses resultados sejam publicados em 2027

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

No Dia do Pediatra, conheça a história de quem transforma amor em cuidado Anterior

No Dia do Pediatra, conheça a história de quem transforma amor em cuidado

Veja qual unidade de saúde funcionará em turno alternativo neste sábado em Santa Maria Próximo

Veja qual unidade de saúde funcionará em turno alternativo neste sábado em Santa Maria

Saúde